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domingo, 18 de abril de 2010

Eu e os guarda-chuvas

Percorrer a calçada lisboeta em tempo de chuva é uma aventura e, atenção,quer tiver um guarda-chuva terá a sua sorte agravada! Não vos falo das trombas de água mas de algo que desafia o nosso jogo de cintura. Pensavam que os guarda-chuvas eram singelos e inofensivos? Enganaram-se! Passo a explicar: na semana que passou foram mais os dias em que tive a companhia da chuva ao sair do emprego do que a presença do sol. Se no primeiro dia fui apanhada desprevenida, no segundo já enverguei, segura, o guarda-chuva. Com ele, era capaz de fazer frente a qualquer tipo de chuva: aguaceiros,chuva-molha-tolos, chuva, chuva forte, granizo, o que quiserem! Ao virar da esquina, o pânico: calçada repleta de pés, pernas e guarda-chuvas. Muito bem…onde é que eu iria meter o meu? E eu? Ergui o guarda-chuva e respirei fundo. Erguê-lo para cima, depois para baixo, para a esquerda, para a direita, pular para a estrada, saltar para o passeio, levar com água nos pés e tornozelos, gritar entredentes umas quantas ameaças. Diversão não faltou, como podem constatar. A minha viagem pela calçada esteve muito próxima do musical “Singin’ in the rain”. Ou talvez não…Dela ressalto os seguintes pontos:

Ponto nº 1: Deveria existir um passeio para as pessoas que passeiam e para as pessoas que têm pressa. Como nas auto-estradas. Se possível, com três faixas: uma para os idosos e crianças, outra para as pessoas que gostam de passear à chuva e outras que saem dos empregos e que têm ainda pela frente mil e uma tarefas para empreender, vulgo para as pessoas que têm pressa. O que é que dá ter uma calçada para todas estas pessoas? Pois, confusão. E um jogo de cintura incrível. Para mim, por exemplo, é extremamente penoso querer acelerar o passo e ficar ensanduichada entre turistas de calção e T-shirt (mas eles não se constipam?) e idosos atravessados no meio do passeio. Contra a parede não posso ir, para cima dos carros idem. A calçada portuguesa não se assemelha propriamente às ramblas de nuestros hermanos, se bem que facilitaria e muito o “tráfego” pedestre.

Ponto nº2: Os guarda-chuvas deveriam ter medidas estandardizadas. É que um guarda-chuva imenso ocupa todo o passeio! Não me parece muito razoável nem prático. Não para o proprietário do guarda-chuva, que raramente o desvia,mas para os demais que, se forem altos como eu, têm que consecutivamente baixar a cabeça. E para quê um guarda-chuva tão grande? Para albergar sete pessoas debaixo dele? Ou será fobia pela chuva? Ou…não sei, digam-me vocês.

Ponto nº3: Já repararam na quantidade de publicidade que nós, gratuitamente,fazemos a esta ou aquela marca? O meu guarda-chuva é destituído de qualquer logotipo e nem por isso deixa de ser enfadonho! A fazer publicidade, a marca deveria contemplar o proprietário com um vale de oferta durante o períodode vida estimado do guarda-chuva. Parece-vos razoável?

Ponto nº4: Também fazem parte do “grupo” que pensa “Gosto da chuva mas só quando estou em casa”?! É que eu também…!

Votos de boas “viagens”!

1 comentário:

  1. Bom texto Sofia, já é uma tarefa difícil concretizar todas as tarefas do dia-a-dia no pouco tempo que temos, então em condições desfavoráveis nem se fala. Esses pontos que referes são praticamente os que mais dificultam a vida às pessoas que trabalham em contraste com aquelas que apenas andam a passear o cão ou a "pastar a toura" e que têm tempo para fazer tudo nas calmas.
    Não conheço bem Lisboa mas sei que os passeios de grande parte das cidades portuguesas não são propriamente espaços aos quais se possa chamar autoestradas pedonais.

    Uma referência em especial as guarda-chuvas, por vezes, quando tenho mesmo pressa e não consigo de outra forma, prefiro fechar o meu e passar por entre os outros, praticamente não me molho pois alguns (como dizes) abrigam a pessoa e os "vizinhos" que vão ao lado.

    Ainda sobre guarda-chuvas, quando morei na Guarda cheguei a ter dois ou três mas quando o último se partiu eu desisti de comprar. Mais tarde já tinha o carro e juntando isso a um casaco impermeável, perante a impotência desse adereço de inverno quando confrontado com tempo que se fazia sentir na Guarda, conseguia "sobreviver" perfeitamente sem ele.

    Boa continuação, serás sem dúvida uma mais valia para este espaço.

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