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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Da visita do Papa

Sou católica. Não trabalho na função pública. Logo, não irei usufruir da tolerância de ponto aprovada pelo governo aquando da visita do Papa a Portugal, no próximo dia 13 de Maio. As escolas irão encerrar nesse dia. Os hospitais, tribunais e finanças irão, segundo dizem, garantir os serviços mínimos. Isto para poderem assistir às missas conduzidas por Bento XVI. Entre nós: esta tolerância de ponto justifica-se mesmo? Todos têm direito a praticar a sua ideologia religiosa mas em que medida é que trabalhar é incompativel com a visita do Papa? Tolerância de ponto para assistir à missa? Quanto tempo é que dura uma missa? Não me digam que é um dia inteiro! Com tantos feriados, com a situação económica que o país atravessa, como é que nos poderemos dar a este luxo? Para agradar a quem? A Igreja Católica aprova? Pois aprova. Sabemos que ela própria necessita de limpar a sua imagem depois das sucessivas noticias de casos de pedofilia. E quem é que
paga ao país esta tolerância de ponto? A Igreja Católica? Não me parece. "Ah, e tal, mas é só um dia". Sim, a acrescentar a tantos outros, entre feriados, pontes e greves, façam as contas e vejamos quantas horas de
trabalho somamos ao final de um ano. "Ah, e tal, querias era também uma tolerância de ponto!". Pois, por acaso queria, mas por mérito. Ou se acontecesse algo de extraordinariamente incomum. E a visita do Papa, com todo o respeito que merece, não se enquadra na definição de acontecimento excepcional. Porque o Papa, representando a fé católica, está em todo o lado, em qualquer momento. Correcto?
Excepcional seria aproveitarmos a visita do Papa para difundir valores tão importantes como a familia, o respeito pelo próximo, a solidariedade, a verdade, o amor, o trabalho, entre outros, valores esses tão esquecidos nos dias que correm. E, sobretudo, depois da visita do Papa, continuar a regar esses mesmos valores, todos os dias. E não apenas quando nos lembramos ou quando alguém se lembra de tirar um dia para pensar nestas questões triviais. Ou não...depende da consciência de cada um.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Notícias esquecidas

É do conhecimento geral que, quando acontece determinada coisa cuja relevância é suficiente para ser notícia por parte dos meios de comunicação social, ela é imediatamente difundida. Na televisão isso acontece várias vezes por dia e até durante dias. Ou então até surgir outro assunto mediático para explorar.
Tudo isso é compreensível, pelo menos no que respeita a casos em que importância das questões o justifica, o essencial é não dizer sempre as mesma coisa e ir acrescentando informação ao tema, caso contrário o "consumidor" farta-se.
O que eu acho estranho é o facto de existirem várias notícias serem abertura de noticiários e capas de jornais ou revistas no momento em que ocorre o "fenómeno" que depois caiem completamente no esquecimento. Ou seja, uma notícia à qual foi dada tanta importância nunca mais volta a ser explorada pelos jornalistas para saber ,e informar o público, como acabou o caso, se foi encontrada alguma solução e, caso afirmativo, qual foi a mesma.

Para se perceber melhor vamos a exemplos:
  • Lembram-se do Caso Alexandra? Eu também, afinal como é que está a história da menina de seis anos, criada por um casal de Barcelos, que foi depois obrigada a ir com a mãe biológica para a Rússia por decisão do Tribunal da Relação de Guimarães?
  • O polvo que deu à costa em Gaia? Toda gente foi aconselhada a não consumir o peixe enquanto não fosse descoberta a causa da sua morte. A noticia mais recente que encontrei diz que as análises feitas pelos especialistas foram inconclusivas. Afinal o que foi feito com meia tonelada de polvo? Não será motivo de notícia as pessoas saberem o que se passou depois daquele alarido todo?
Mais casos devem conhecer e bem mais recentes,  mas não quero estar aqui a cansar o leitor com exemplos pois penso que já todos perceberam onde eu quero chegar. 
Por vezes é dada tanta importância a um acontecimento e pouco tempo depois já ninguém fala nele, não interessa a ninguém, não importa o que aconteceu a seguir, o que importa é que foi notícia e havia matéria para abrir os notíciários naquele dia. Missão cumprida!


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Podemos varrer o Facebook?

Está mais do que assumido: adoro o Facebook. É um continente dentro de um mundo mais vasto chamado World Wide Web. O que eu mais gosto no Facebook é a interactividade e as aplicações. Nele tanto posso “falar” com familiares, amigos, colegas ou conhecidos em tempo real ou à distância de minutos, como colocar algo sobre o meu dia-a-dia e/ou sobre mim, ler as notícias de Portugal e do mundo, navegar em aplicações mais ou menos divertidas e interessantes, ler e/ou comentar estados de outras pessoas, descobrir outras fontes de informação, reencontrar aquela música cujo rasto eu perdera há anos e que uma alma caridosa teve o bom gosto de a partilhar no seu mural e, e, e…o Facebook é muitas coisas numa espécie de livro desdobrável.

Existem, contudo, duas coisas que me desagradam.

A primeira diz respeito às mensagens de mural, com “recados” estandardizados, que “convidam” as pessoas a fazer um copy-paste dos mesmos, colocando-os nas suas páginas. Tanto pode ser uma mensagem de “Hoje é o dia de…”, como “Diz sete coisas sobre mim…”, “Vamos ajudar x…” ou “Se fores meu amigo copias este texto e colas no teu mural”. Conclusão, quando abrimos a página principal do Facebook vemos um rio de mensagens similares. Penso que, ao longo da minha Facebook-existência, aderi duas ou três vezes a este
encadeamento. Quando comecei a ver que o mesmo era usado por tudo e por nada, questionei se não seria a moda do rebanho. E zanguei-me. Não faço mais. Para além disso, o Facebook não é um divã psicoterapêutico. Por vezes, tenho um dia de cão, publico as minhas mágoas no mural, as pessoas comentam (ou não), mas pára por aí. Quem tem que gerir as mágoas sou eu e não o vizinho do teclado ao lado.
Em suma, sejam diferentes e proactivos porque mais do mesmo já o mundo viu.

A segunda coisa que me desagrada no Facebook são as mensagens que convidam a participar no jogo x ou no passatempo y. À primeira, até posso exclamar um "Ai que giro e tal" mas a partir da segunda mensagem igual já começo a não achar piada. Um exemplo clássico é o convite para um jogo que está a decorrer no Facebook. Sabem quantas mensagens iguais é que recebi até agora na minha caixa do correio? É melhor não dizer de tão despropositado que é. Outra coisa que me pôs os cabelos em pé: ver o meu nome no cabeçalho dos remetentes no meio de muitos, muitos outros. Conclusão: eu quero uma sub-pasta na caixa de correio do Facebook - a de Spam. Porque este tipo de mensagens nada mais são do que...spam! Quando a mensagem não tem titulo ou quando os remententes são muitos, patch, é spam. E mais nada!

Acho que ainda hoje vou criar um grupo intitulado "Grupo das pessoas que gostariam que o Facebook fizesse um lifting". Giro, não?!

domingo, 18 de abril de 2010

Eu e os guarda-chuvas

Percorrer a calçada lisboeta em tempo de chuva é uma aventura e, atenção,quer tiver um guarda-chuva terá a sua sorte agravada! Não vos falo das trombas de água mas de algo que desafia o nosso jogo de cintura. Pensavam que os guarda-chuvas eram singelos e inofensivos? Enganaram-se! Passo a explicar: na semana que passou foram mais os dias em que tive a companhia da chuva ao sair do emprego do que a presença do sol. Se no primeiro dia fui apanhada desprevenida, no segundo já enverguei, segura, o guarda-chuva. Com ele, era capaz de fazer frente a qualquer tipo de chuva: aguaceiros,chuva-molha-tolos, chuva, chuva forte, granizo, o que quiserem! Ao virar da esquina, o pânico: calçada repleta de pés, pernas e guarda-chuvas. Muito bem…onde é que eu iria meter o meu? E eu? Ergui o guarda-chuva e respirei fundo. Erguê-lo para cima, depois para baixo, para a esquerda, para a direita, pular para a estrada, saltar para o passeio, levar com água nos pés e tornozelos, gritar entredentes umas quantas ameaças. Diversão não faltou, como podem constatar. A minha viagem pela calçada esteve muito próxima do musical “Singin’ in the rain”. Ou talvez não…Dela ressalto os seguintes pontos:

Ponto nº 1: Deveria existir um passeio para as pessoas que passeiam e para as pessoas que têm pressa. Como nas auto-estradas. Se possível, com três faixas: uma para os idosos e crianças, outra para as pessoas que gostam de passear à chuva e outras que saem dos empregos e que têm ainda pela frente mil e uma tarefas para empreender, vulgo para as pessoas que têm pressa. O que é que dá ter uma calçada para todas estas pessoas? Pois, confusão. E um jogo de cintura incrível. Para mim, por exemplo, é extremamente penoso querer acelerar o passo e ficar ensanduichada entre turistas de calção e T-shirt (mas eles não se constipam?) e idosos atravessados no meio do passeio. Contra a parede não posso ir, para cima dos carros idem. A calçada portuguesa não se assemelha propriamente às ramblas de nuestros hermanos, se bem que facilitaria e muito o “tráfego” pedestre.

Ponto nº2: Os guarda-chuvas deveriam ter medidas estandardizadas. É que um guarda-chuva imenso ocupa todo o passeio! Não me parece muito razoável nem prático. Não para o proprietário do guarda-chuva, que raramente o desvia,mas para os demais que, se forem altos como eu, têm que consecutivamente baixar a cabeça. E para quê um guarda-chuva tão grande? Para albergar sete pessoas debaixo dele? Ou será fobia pela chuva? Ou…não sei, digam-me vocês.

Ponto nº3: Já repararam na quantidade de publicidade que nós, gratuitamente,fazemos a esta ou aquela marca? O meu guarda-chuva é destituído de qualquer logotipo e nem por isso deixa de ser enfadonho! A fazer publicidade, a marca deveria contemplar o proprietário com um vale de oferta durante o períodode vida estimado do guarda-chuva. Parece-vos razoável?

Ponto nº4: Também fazem parte do “grupo” que pensa “Gosto da chuva mas só quando estou em casa”?! É que eu também…!

Votos de boas “viagens”!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Causas nobres e lucros associados

Toda gente deve conhecer as mais variadas formas actualmente usadas para angariar fundos a favor de determinadas causas, desde a causa maior, missão sorriso e agora talvez a mais actual - a ajuda à Madeira.
Nas duas primeiras, o valor angariado era inicialmente obtido retirando uma parte ao valor da venda do produto, sendo complementado com donativos via chamada telefónica no decorrer das galas respectivas. Como estas campanhas são altamente divulgadas os números das vendas desses produtos são vertiginosamente mais altos do que o normal, como devem calcular. 
Apesar de este tipo de iniciativas ser de louvar, acho que é importante não nos esquecermos que existem muitas partes envolvidas nestes projectos. Desde o próprio fabricante do produto, que quanto mais produzir, mais vende e, logicamente, mais ganha, ao distribuidor, até chegar às lojas de venda ao público. Normalmente este tipo de produtos é relativamente barato, no entanto, multiplicando esse pequeno valor pelo grande número de produtos que habitualmente se vende (a ver pelos valores angariados) chegamos certamente a um valor considerável. Quem é que lucra com tudo isto para além do destinatário dos fundos? Eu sei que vocês sabem a resposta...
Mas o caso que mais me deixou pensativo foi o das chamadas telefónicas. Agora estão muito na moda os números começados em 760, cuja a chamada tem um preço fixo de 0.60€+IVA independentemente do tempo, local, de estar a chover ou até a nevar naquele momento. Este tipo de linhas é actualmente usado em quase tudo, inscrição em programas, votações, participações em passatempos (tão estúpidos que até dizem a resposta porque o que interessa é a pessoa ligar e gastar os 60 cêntimos... mais IVA), concursos a altas horas da madrugada (com meninas muito sexy e quase em lingerie para chamar mais gente) incentivando incessantemente as pessoas a ligar, ligar, ligar, com o chamariz de poderem ganhar algum dinheiro, quando na realidade talvez a grande maioria acabe por não ganhar nada, apenas descobre o quanto perdeu, quando der conta do valor que gastou em chamadas! Em tempos de crise e pensando que iriam ficar mais ricas, acabam mesmo por ficar é ainda mais pobres... Moral da história, uns tentando sair da crise, afundam outros cada vez mais. E o país assiste impávido e sereno. Lindo!
Vou dar um exemplo que se passou comigo. Numa altura em que tinha algum dinheiro acumulado do meu telemóvel, estava no ar uma campanha em que de x em x chamadas eram oferecidos bilhetes para um determinado jogo de futebol. O valor das chamadas que eu tive de fazer até conseguir ganhar o tal bilhete totalizavam (mais euro menos euro) o valor do bilhete em si caso eu fosse compra-lo à bilheteira! A única satisfação que tive foi o facto de o ter comprado com o dinheiro do telemóvel em vez de o ter ido buscar ao meu bolso. Agora eu pergunto, se eu e provavelmente todas as outras pessoas que ganharam, pagaram o seu próprio bilhete com as suas chamadas, para onde foi o dinheiro das chamadas dos restantes que eventualmente não ganharam nada?! E não devem ter sido poucas...
A ideia de receber um donativo através de uma chamada telefónica é óptima, excelente mesmo, o que me faz pensar são apenas dois pormenores associados à "estratégia" que eu ainda não consegui perceber muito bem. 
O primeiro é porque é que apenas 50 cêntimos da chamada são parte do donativo? Sim, 10 cêntimos não é nada, correctíssimo! Agora multipliquem isso por um milhão de chamadas? Será que a infraestrutura implementada para receber e contabilizar as ligações, que duram apenas alguns segundos, fica tão cara?! Pois! Não sei... Alguém da área me pode esclarecer?
O outro é o IVA, sim, para quê o 60 cêntimos mais IVA? Será que esse valor vai para o estado ou para juntar ao donativo? Quem souber que me avise... Ah! Não me venham com o argumento de que estou a pagar imposto por usar o serviço telefónico pois é assim: em primeiro lugar eu não o uso, nunca liguei, em segundo lugar, e se fosse assim, não teria mais lógica pagar imposto sobre os 10 cêntimos e não sobre os 60, estou errado? Sempre pensei que os donativos estavam isentos de IVA!

Para terminar, parabéns a todas as entidades que organizam e participam neste tipo de iniciativas, a mensagem não pretende colocar o seu trabalho, nem a sua intenção, nem boa vontade em causa, apenas alertar para algumas dúvidas que "pairam no ar".