Ser do contra, em Portugal, tem o que se lhe diga. E ser do contra, na politica portuguesa, ainda mais. Com efeito, ser do contra é apontar, é ser desmancha prazeres, é ser picuinhas, mal agradecido, ter memória curta, recorrer a palavras simples, pouco substanciais mas de grande impacto, é dizer “Foi ele” ou “A culpa é dele”. É nomear o adversário cerca de 6 vezes a cada 1 minuto de discurso na Assembleia da República. Em Portugal não existe o que chamamos de “oposição”. Existem, sim, partidos que são do contra. O que é algo bem distinto, senão vejamos: ser da oposição é ser a outra face da moeda. Não da mesma moeda mas de uma outra, preferencialmente de cunhagem superior. Ser da oposição é propor alternativas, é inovar, é dar um passo mais à frente, é antecipar, é ter visão estratégica. Ser do contra é ser o lado enegrecido da face da moeda, muitas vezes de cunhagem inferior, é fazer publicidade gratuita ao adversário, nomeando-o vezes sem conta, é denegri-lo, apontar defeitos num espelho baço e ficar sentado à espera que o adversário faça algo e depois levantar-se para exclamar, superlativamente, que aquela camisa não lhe ficava nada bem. O que é que temos, de facto, em Portugal? E que deputados se formam no nosso país? O que é que se aprende sobre a oposição numa visita à Assembleia da República? Vimos embora com um bloco de notas cheio de rabiscos, traços de quadrados e triângulos, linhas sem nexo, espelhos de “estou quase a adormecer mas não quero”. Ser da oposição, em Portugal, é ser previsível. O que é quase um insulto pois não há ninguém que consiga fazer melhor. Ou que se proponha a fazer melhor. Assistimos tantas vezes ao jogo do gato e do rato que, sinceramente, os desenhos animados do Tom & Jerry acabam por se tornar mais apelativos.
Actualmente, começo a vislumbrar alguns laivos de oposição em Portugal, nomeadamente através do actual líder do PSD. A proposta que eu mais gostei foi a de fazer participar os desempregados em projectos de voluntariado de índole social. Parabenizo esta iniciativa. É daquelas que, depois de ouvir, questionei: “Mas porque é que não se pensou nisto antes?”. Quanto aos outros partidos, não tenho nada a dizer. Porque eles nada têm a dizer aos portugueses. A não ser aquilo que eles já sabem. O que se torna tremendamente enfadonho, uma pastilha elástica indolentemente colada debaixo do tampo da mesa. E já viram a quantidade de pastilhas que existem escondidas na mesa da politica portuguesa? Vão lá ver, a sério. Quem for limpar a mesa, meu Deus, irá deparar-se com uma tarefa jurássica. É que ser da oposição dá trabalho, lá isso é verdade.
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sábado, 22 de maio de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Da visita do Papa
Sou católica. Não trabalho na função pública. Logo, não irei usufruir da tolerância de ponto aprovada pelo governo aquando da visita do Papa a Portugal, no próximo dia 13 de Maio. As escolas irão encerrar nesse dia. Os hospitais, tribunais e finanças irão, segundo dizem, garantir os serviços mínimos. Isto para poderem assistir às missas conduzidas por Bento XVI. Entre nós: esta tolerância de ponto justifica-se mesmo? Todos têm direito a praticar a sua ideologia religiosa mas em que medida é que trabalhar é incompativel com a visita do Papa? Tolerância de ponto para assistir à missa? Quanto tempo é que dura uma missa? Não me digam que é um dia inteiro! Com tantos feriados, com a situação económica que o país atravessa, como é que nos poderemos dar a este luxo? Para agradar a quem? A Igreja Católica aprova? Pois aprova. Sabemos que ela própria necessita de limpar a sua imagem depois das sucessivas noticias de casos de pedofilia. E quem é que
paga ao país esta tolerância de ponto? A Igreja Católica? Não me parece. "Ah, e tal, mas é só um dia". Sim, a acrescentar a tantos outros, entre feriados, pontes e greves, façam as contas e vejamos quantas horas de
trabalho somamos ao final de um ano. "Ah, e tal, querias era também uma tolerância de ponto!". Pois, por acaso queria, mas por mérito. Ou se acontecesse algo de extraordinariamente incomum. E a visita do Papa, com todo o respeito que merece, não se enquadra na definição de acontecimento excepcional. Porque o Papa, representando a fé católica, está em todo o lado, em qualquer momento. Correcto?
Excepcional seria aproveitarmos a visita do Papa para difundir valores tão importantes como a familia, o respeito pelo próximo, a solidariedade, a verdade, o amor, o trabalho, entre outros, valores esses tão esquecidos nos dias que correm. E, sobretudo, depois da visita do Papa, continuar a regar esses mesmos valores, todos os dias. E não apenas quando nos lembramos ou quando alguém se lembra de tirar um dia para pensar nestas questões triviais. Ou não...depende da consciência de cada um.
paga ao país esta tolerância de ponto? A Igreja Católica? Não me parece. "Ah, e tal, mas é só um dia". Sim, a acrescentar a tantos outros, entre feriados, pontes e greves, façam as contas e vejamos quantas horas de
trabalho somamos ao final de um ano. "Ah, e tal, querias era também uma tolerância de ponto!". Pois, por acaso queria, mas por mérito. Ou se acontecesse algo de extraordinariamente incomum. E a visita do Papa, com todo o respeito que merece, não se enquadra na definição de acontecimento excepcional. Porque o Papa, representando a fé católica, está em todo o lado, em qualquer momento. Correcto?
Excepcional seria aproveitarmos a visita do Papa para difundir valores tão importantes como a familia, o respeito pelo próximo, a solidariedade, a verdade, o amor, o trabalho, entre outros, valores esses tão esquecidos nos dias que correm. E, sobretudo, depois da visita do Papa, continuar a regar esses mesmos valores, todos os dias. E não apenas quando nos lembramos ou quando alguém se lembra de tirar um dia para pensar nestas questões triviais. Ou não...depende da consciência de cada um.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Notícias esquecidas
É do conhecimento geral que, quando acontece determinada coisa cuja relevância é suficiente para ser notícia por parte dos meios de comunicação social, ela é imediatamente difundida. Na televisão isso acontece várias vezes por dia e até durante dias. Ou então até surgir outro assunto mediático para explorar.
Tudo isso é compreensível, pelo menos no que respeita a casos em que importância das questões o justifica, o essencial é não dizer sempre as mesma coisa e ir acrescentando informação ao tema, caso contrário o "consumidor" farta-se.
O que eu acho estranho é o facto de existirem várias notícias serem abertura de noticiários e capas de jornais ou revistas no momento em que ocorre o "fenómeno" que depois caiem completamente no esquecimento. Ou seja, uma notícia à qual foi dada tanta importância nunca mais volta a ser explorada pelos jornalistas para saber ,e informar o público, como acabou o caso, se foi encontrada alguma solução e, caso afirmativo, qual foi a mesma.
Para se perceber melhor vamos a exemplos:
- Lembram-se do Caso Alexandra? Eu também, afinal como é que está a história da menina de seis anos, criada por um casal de Barcelos, que foi depois obrigada a ir com a mãe biológica para a Rússia por decisão do Tribunal da Relação de Guimarães?
- O polvo que deu à costa em Gaia? Toda gente foi aconselhada a não consumir o peixe enquanto não fosse descoberta a causa da sua morte. A noticia mais recente que encontrei diz que as análises feitas pelos especialistas foram inconclusivas. Afinal o que foi feito com meia tonelada de polvo? Não será motivo de notícia as pessoas saberem o que se passou depois daquele alarido todo?
Mais casos devem conhecer e bem mais recentes, mas não quero estar aqui a cansar o leitor com exemplos pois penso que já todos perceberam onde eu quero chegar.
Por vezes é dada tanta importância a um acontecimento e pouco tempo depois já ninguém fala nele, não interessa a ninguém, não importa o que aconteceu a seguir, o que importa é que foi notícia e havia matéria para abrir os notíciários naquele dia. Missão cumprida!
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