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sábado, 22 de maio de 2010

Ser do contra

Ser do contra, em Portugal, tem o que se lhe diga. E ser do contra, na politica portuguesa, ainda mais. Com efeito, ser do contra é apontar, é ser desmancha prazeres, é ser picuinhas, mal agradecido, ter memória curta, recorrer a palavras simples, pouco substanciais mas de grande impacto, é dizer “Foi ele” ou “A culpa é dele”. É nomear o adversário cerca de 6 vezes a cada 1 minuto de discurso na Assembleia da República. Em Portugal não existe o que chamamos de “oposição”. Existem, sim, partidos que são do contra. O que é algo bem distinto, senão vejamos: ser da oposição é ser a outra face da moeda. Não da mesma moeda mas de uma outra, preferencialmente de cunhagem superior. Ser da oposição é propor alternativas, é inovar, é dar um passo mais à frente, é antecipar, é ter visão estratégica. Ser do contra é ser o lado enegrecido da face da moeda, muitas vezes de cunhagem inferior, é fazer publicidade gratuita ao adversário, nomeando-o vezes sem conta, é denegri-lo, apontar defeitos num espelho baço e ficar sentado à espera que o adversário faça algo e depois levantar-se para exclamar, superlativamente, que aquela camisa não lhe ficava nada bem. O que é que temos, de facto, em Portugal? E que deputados se formam no nosso país? O que é que se aprende sobre a oposição numa visita à Assembleia da República? Vimos embora com um bloco de notas cheio de rabiscos, traços de quadrados e triângulos, linhas sem nexo, espelhos de “estou quase a adormecer mas não quero”. Ser da oposição, em Portugal, é ser previsível. O que é quase um insulto pois não há ninguém que consiga fazer melhor. Ou que se proponha a fazer melhor. Assistimos tantas vezes ao jogo do gato e do rato que, sinceramente, os desenhos animados do Tom & Jerry acabam por se tornar mais apelativos.
Actualmente, começo a vislumbrar alguns laivos de oposição em Portugal, nomeadamente através do actual líder do PSD. A proposta que eu mais gostei foi a de fazer participar os desempregados em projectos de voluntariado de índole social. Parabenizo esta iniciativa. É daquelas que, depois de ouvir, questionei: “Mas porque é que não se pensou nisto antes?”. Quanto aos outros partidos, não tenho nada a dizer. Porque eles nada têm a dizer aos portugueses. A não ser aquilo que eles já sabem. O que se torna tremendamente enfadonho, uma pastilha elástica indolentemente colada debaixo do tampo da mesa. E já viram a quantidade de pastilhas que existem escondidas na mesa da politica portuguesa? Vão lá ver, a sério. Quem for limpar a mesa, meu Deus, irá deparar-se com uma tarefa jurássica. É que ser da oposição dá trabalho, lá isso é verdade.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Da visita do Papa

Sou católica. Não trabalho na função pública. Logo, não irei usufruir da tolerância de ponto aprovada pelo governo aquando da visita do Papa a Portugal, no próximo dia 13 de Maio. As escolas irão encerrar nesse dia. Os hospitais, tribunais e finanças irão, segundo dizem, garantir os serviços mínimos. Isto para poderem assistir às missas conduzidas por Bento XVI. Entre nós: esta tolerância de ponto justifica-se mesmo? Todos têm direito a praticar a sua ideologia religiosa mas em que medida é que trabalhar é incompativel com a visita do Papa? Tolerância de ponto para assistir à missa? Quanto tempo é que dura uma missa? Não me digam que é um dia inteiro! Com tantos feriados, com a situação económica que o país atravessa, como é que nos poderemos dar a este luxo? Para agradar a quem? A Igreja Católica aprova? Pois aprova. Sabemos que ela própria necessita de limpar a sua imagem depois das sucessivas noticias de casos de pedofilia. E quem é que
paga ao país esta tolerância de ponto? A Igreja Católica? Não me parece. "Ah, e tal, mas é só um dia". Sim, a acrescentar a tantos outros, entre feriados, pontes e greves, façam as contas e vejamos quantas horas de
trabalho somamos ao final de um ano. "Ah, e tal, querias era também uma tolerância de ponto!". Pois, por acaso queria, mas por mérito. Ou se acontecesse algo de extraordinariamente incomum. E a visita do Papa, com todo o respeito que merece, não se enquadra na definição de acontecimento excepcional. Porque o Papa, representando a fé católica, está em todo o lado, em qualquer momento. Correcto?
Excepcional seria aproveitarmos a visita do Papa para difundir valores tão importantes como a familia, o respeito pelo próximo, a solidariedade, a verdade, o amor, o trabalho, entre outros, valores esses tão esquecidos nos dias que correm. E, sobretudo, depois da visita do Papa, continuar a regar esses mesmos valores, todos os dias. E não apenas quando nos lembramos ou quando alguém se lembra de tirar um dia para pensar nestas questões triviais. Ou não...depende da consciência de cada um.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Notícias esquecidas

É do conhecimento geral que, quando acontece determinada coisa cuja relevância é suficiente para ser notícia por parte dos meios de comunicação social, ela é imediatamente difundida. Na televisão isso acontece várias vezes por dia e até durante dias. Ou então até surgir outro assunto mediático para explorar.
Tudo isso é compreensível, pelo menos no que respeita a casos em que importância das questões o justifica, o essencial é não dizer sempre as mesma coisa e ir acrescentando informação ao tema, caso contrário o "consumidor" farta-se.
O que eu acho estranho é o facto de existirem várias notícias serem abertura de noticiários e capas de jornais ou revistas no momento em que ocorre o "fenómeno" que depois caiem completamente no esquecimento. Ou seja, uma notícia à qual foi dada tanta importância nunca mais volta a ser explorada pelos jornalistas para saber ,e informar o público, como acabou o caso, se foi encontrada alguma solução e, caso afirmativo, qual foi a mesma.

Para se perceber melhor vamos a exemplos:
  • Lembram-se do Caso Alexandra? Eu também, afinal como é que está a história da menina de seis anos, criada por um casal de Barcelos, que foi depois obrigada a ir com a mãe biológica para a Rússia por decisão do Tribunal da Relação de Guimarães?
  • O polvo que deu à costa em Gaia? Toda gente foi aconselhada a não consumir o peixe enquanto não fosse descoberta a causa da sua morte. A noticia mais recente que encontrei diz que as análises feitas pelos especialistas foram inconclusivas. Afinal o que foi feito com meia tonelada de polvo? Não será motivo de notícia as pessoas saberem o que se passou depois daquele alarido todo?
Mais casos devem conhecer e bem mais recentes,  mas não quero estar aqui a cansar o leitor com exemplos pois penso que já todos perceberam onde eu quero chegar. 
Por vezes é dada tanta importância a um acontecimento e pouco tempo depois já ninguém fala nele, não interessa a ninguém, não importa o que aconteceu a seguir, o que importa é que foi notícia e havia matéria para abrir os notíciários naquele dia. Missão cumprida!